quarta-feira, 16 de agosto de 2017

CIÊNCIA ANTIGA

Vimos que os primeiros filósofos tinham uma preocupação central, a busca da arkhé (princípio) de todas as coisas que fazem o Kosmos (ordenamento) da Phýsis (natureza). Naquele momento, filosofia e ciência estavam vinculadas.

O primeiro filósofo por tradição, Tales de Mileto, era matemático e astrônomo, autor do famoso teorema de Tales, e pelas previsões astronômicas como um eclipse solar.

Pitágoras, para quem a arkhé é o número será o pioneiro na geometria, e estabelecendo relações de proporção de comprimentos aplicando-as aos instrumentos musicais.

Hipócrates é considerado o pai da medicina, trazendo explicações racionais para as doenças e não mais sobrenaturais como antes.

Platão por sua vez, tenta elevar o conhecimento da simples opinião (doxa) para um conhecimento verdadeiro e científico (episteme). Estabelece relações abstratas de seres reais, valorizando ainda mais a matemática. Para ele o mundo sensível é uma cópia imperfeita do mundo inteligível.

Aristóteles recusa a matemática e a separação entre mundo sensível e mundo inteligível. Valoriza a observação (desenvolvendo essa habilidade com seus estudos de zoologia) e a lógica como ferramenta para garantir o rigor de sua argumentação. Por isso, a fisica aristotélica não se restringe a atual física, mas abarca também a biologia, química, geologia etc. Ele vai explicar o movimento com a ideia de que o corpo busca se estado natural: o ar e o fogo sobem, a terra e a água descem etc e o movimento contrário a isso, necessitaria de uma força exterior.

Para os gregos de uma maneira geral, o movimento é um estado imperfeito, mas para os corpos celestes, que possuem movimento circular sem início nem fim, teríamos um movimento imperfeito. Daí surgem as primeiras concepções astronômicas, como a que coloca a terra no centro de tudo: geocentrismo.

Antropologia Filosófica

Antropologia é um termo que se origina de dois termos gregos:

ANTHROPOS = Homem; LOGOS = razão, estudo

Nessa ciência o foco está no homem. É uma ciência recente na história, pois o homem se coloca como objeto de estudo quando passa a se questionar sobre sua própria capacidade de conhecer as coisas.



Vimos que os seres humanos, ao contrários dos outros animais, não são apenas seres biológicos, mas também seres que modificam seu estado de natureza, pois, além das condutas inatas, também possuem condutas aprendidas. 

Contudo, diferenciá-lo dos demais animais apenas pela razão (inteligência), é ser reducionista, visto que alguns animais possuem algum tipo de inteligência diante de atos concretos. (Por exemplo, um chimpanzé, pode colocar algo para alcançar um cacho de bananas). Mas apenas o homem possui consciência da finalidade da ação. 

A linguagem simbólica, outro elemento que costuma ser colocado como específico do ser humano,  também é realizada por alguns animais, mas de maneira rudimentar. O ser humano, além da linguagem é capaz de reelaborar seu presente, tendo em vista seu passado pensando num futuro. É assim, que o ser humano transforma seu estado natural em cultura.
 

POLÍTICA NA HISTÓRIA: MAQUIAVEL



As influências de Platão e Aristóteles no terreno da reflexão política foram marcantes tanto na Antiguidade como na Idade Média. A ideia de que a política tem como objetivo o bem comum, que em Platão seria a justiça e em Aristóteles a vida boa e feliz, orientou grande parte da reflexão política até hoje.
Os filósofos romanos antigos, como Cícero e Sêneca, privilegiam a formação do bom príncipe, educado de acordo com as virtudes necessárias ao bom desempenho da função administrativa. Concepção política do bom governante predominou no período medieval.
                Na Idade Média, com o desenvolvimento do cristianismo e o esfacelamento do império romano, a Igreja consolidou-se, primeiramente, como um poder extra-político. Mas depois, ao longo da Idade Média e em parte da Idade Moderna, ocorreu uma aliança entre o poder eclesiástico e o poder político. E como a Igreja Católica entendia que todo poder pertence a Deus, seguiu a ideia de que os governantes seriam representantes de Deus na Terra. O rei passou, então, a ter o direito divino de governar.
                O filósofo italiano Nicolau Maquiavel (1469-1527) é considerado o fundador do pensamento político moderno, uma vez que desenvolveu sua filosofia política em um quadro teórico completamente diferente do que se tinha até então.
      No pensamento antigo a política estava relacionada com a ética e, na Idade Média, essa ideia permaneceu, acrescida dos valores cristãos. Ou seja, o bom governante seria aquele que possuísse as virtudes cristãs e as implementasse no exercício do poder político.
      Maquiavel observou, porém, que havia uma distância entre o ideal de política e a realidade política de sua época. Escreveu então o livro O príncipe (1513-1515), com o propósito de tratar da política tal como ela se dá, ou seja, sem pretender fazer uma teoria da política ideal, mas, ao contrário, compreender e esclarecer a política real.
      Dessa forma, Maquiavel afastou-se da concepção idealizada de política. Centrou sua reflexão na constatação de que o poder político tem como função regular as lutas e tensões entre os grupos sociais, os quais, em seu entendimento, eram basicamente dois: o grupo dos poderosos e o povo. Essas lutas e tensões existiram sempre, de tal forma que seria ilusão buscar um bem comum para todos.
                Para Maquiavel a política tem como objetivo a manutenção do poder do Estado, e não necessariamente o Bem comum. E, para manter o poder, o governante deve lutar com todas as armas possíveis, sempre atento às correlações de forças que se mostram a cada instante. Isso significa que a ação política não cabe nos limites do juízo moral. O governante deve fazer aquilo que, a cada momento, se mostra interessante para conservar seu poder. Não se trata, portanto, de uma decisão moral, mas sim de uma decisão que atende à lógica do poder.
Com a frase: Os fins justificam os meios,  Maquiavel vai afirmar que na ação política não são os princípios morais que contam, mas os resultados. É por isso que, segundo ele, os fins justificam os meios.
Nessa obra, o filósofo faz uma análise não moral dos atos de diversos governantes, procurando mostrar em que momentos suas opções foram interessantes para a manutenção do poder político. Deve-se a essa franqueza despudorada o uso pejorativo do adjetivo maquiavélico, que designa o comportamento "sem moral".
                Assim, no corpo da política, os fins justificam os meios. No campo da moral, no entanto, não seria correto separar meios e fins, já que toda conduta deve ser julgada por seu valor intrínseco, independente do fim, do resultado.

Referência: Fundamentos da Filosofia de Gilberto Cotrim e Mirna Fernandes.