Não sou escritor nem poeta, sou apenas um pensador que resolveu colocar seus devaneios em um papel e mostrá-los aos outros. Contudo, acredito no poder imanente nas palavras que nos fazem reconhecer na emoção a razão de se viver, e na razão a emoção de conhecer. CONHEÇA TAMBÉM O BLOG DE FILOSOFIA: http://quimeras.webnode.com.br/
quarta-feira, 28 de dezembro de 2016
terça-feira, 27 de dezembro de 2016
quarta-feira, 21 de dezembro de 2016
terça-feira, 20 de dezembro de 2016
terça-feira, 13 de dezembro de 2016
quarta-feira, 7 de dezembro de 2016
terça-feira, 6 de dezembro de 2016
segunda-feira, 5 de dezembro de 2016
sexta-feira, 2 de dezembro de 2016
quinta-feira, 1 de dezembro de 2016
quarta-feira, 30 de novembro de 2016
sábado, 19 de novembro de 2016
quinta-feira, 22 de setembro de 2016
quarta-feira, 14 de setembro de 2016
ESPÍRITO DE MISÉRIA X ESPÍRITO DE CONSUMISMO
Tenho visto muitas pessoas abordarem o tema "espírito de miséria" ultimamente. Li recentemente um livro que inicialmente fez uma abordagem até bem elaborada sobre a cultura do levar vantagem em tudo. (omito aqui o nome e autor, pois não gosto de criar polêmica). O único equívoco é que colocou a expressão: "a cultura do brasileiro" e ainda deu exemplos pessoais de casos isolados de pessoas que vão ao estrangeiro. O próprio exemplo citado o contradiz, pois o autor disse que ficou indignado (não lembro a expressão) com o fato do brasileiro ter uma má fama no exterior e deu o exemplo de um colega de quarto que consumia algumas coisas e burlava de alguma maneira esse consumo. Contudo, o próprio autor é brasileiro e não o fez, segundo ele. Aí é que está a questão: a cultura é do brasileiro?
Essa cultura do levar vantagem vem desde os tempos antigos, aliás alguém já ouviu falar num tal de Jacó que roubou o direito de primogenitura do irmão... Mas o que me levou a escrever essas linhas foi o fato da abordagem também partir para outras questões: o senso de aproveitamento que muitas pessoas possuem. Na maneira como foi exposta, praticamente era implícito: "isso é coisa de pobre". Nesse momento, o tom do livro se tornou cômico, mas ainda mantinha uma ideia central: o apego à coisas velhas. Sabemos daquelas pessoas que não se desfazem nem sequer de um prego enferrujado, são acumuladoras, e o pior, de lixo. Mas também não podemos esquecer que em muitos casos a única sobrevivência possível é aquela baseada no aproveitamento das coisas que para outros seriam consideradas lixo. O espírito de miséria, a meu ver, não está no fato de simplesmente eu não jogar uma calça rasgada fora da qual muito gosto, ou de aproveitar latinhas de leite para plantar alguma flor. O espírito de miséria está ligado ao espírito do apego, aí é que mora o problema.
Por outro lado, temos aquelas pessoas que não são acumuladoras, mas são altamente consumistas. Se uma roupa descorou um pouco, imediatamente me desfaço dela, se um celular se tornou obsoleto (aliás, hoje em dia, o celular se torna obsoleto em poucas horas) compro outro, se sobrou um pouco de feijão na panela, jogo-o fora sem pensar nos que passam fome ou necessidades. Será mesmo que essa atitude é oposta ao espírito de miséria?
Para mim, a equação é bem clara: espírito de miséria = avareza e apego; espírito de consumismo=avareza e apego, logo o espírito de miséria ao ser substituído pelo espírito do consumismo não traz transformações integrais ao ser humano, apenas o torna mais bem visto pelos demais. Seria preciso propagar uma ideia boa, mas sem substituí-la por outra pior. Mudar a aparência das coisas não resolve nada. Mas sabemos que as aparências não enganam, o ser humano é que se engana com as aparências e, ciente disso, continua propagado essa ideia como se o ter fosse igual ao ser...
Só pra refletir.
Essa cultura do levar vantagem vem desde os tempos antigos, aliás alguém já ouviu falar num tal de Jacó que roubou o direito de primogenitura do irmão... Mas o que me levou a escrever essas linhas foi o fato da abordagem também partir para outras questões: o senso de aproveitamento que muitas pessoas possuem. Na maneira como foi exposta, praticamente era implícito: "isso é coisa de pobre". Nesse momento, o tom do livro se tornou cômico, mas ainda mantinha uma ideia central: o apego à coisas velhas. Sabemos daquelas pessoas que não se desfazem nem sequer de um prego enferrujado, são acumuladoras, e o pior, de lixo. Mas também não podemos esquecer que em muitos casos a única sobrevivência possível é aquela baseada no aproveitamento das coisas que para outros seriam consideradas lixo. O espírito de miséria, a meu ver, não está no fato de simplesmente eu não jogar uma calça rasgada fora da qual muito gosto, ou de aproveitar latinhas de leite para plantar alguma flor. O espírito de miséria está ligado ao espírito do apego, aí é que mora o problema.
Por outro lado, temos aquelas pessoas que não são acumuladoras, mas são altamente consumistas. Se uma roupa descorou um pouco, imediatamente me desfaço dela, se um celular se tornou obsoleto (aliás, hoje em dia, o celular se torna obsoleto em poucas horas) compro outro, se sobrou um pouco de feijão na panela, jogo-o fora sem pensar nos que passam fome ou necessidades. Será mesmo que essa atitude é oposta ao espírito de miséria?
Para mim, a equação é bem clara: espírito de miséria = avareza e apego; espírito de consumismo=avareza e apego, logo o espírito de miséria ao ser substituído pelo espírito do consumismo não traz transformações integrais ao ser humano, apenas o torna mais bem visto pelos demais. Seria preciso propagar uma ideia boa, mas sem substituí-la por outra pior. Mudar a aparência das coisas não resolve nada. Mas sabemos que as aparências não enganam, o ser humano é que se engana com as aparências e, ciente disso, continua propagado essa ideia como se o ter fosse igual ao ser...
Só pra refletir.
sexta-feira, 9 de setembro de 2016
quarta-feira, 31 de agosto de 2016
O PAÍS MAIS HONESTO DO MUNDO AGORA É O BRASIL!!!
Cristiano de Paiva Barroso
Acabamos de ver virar mais uma
página infeliz de nossa história como dizia o poeta. Não é preciso repetir
todas as nuances ressaltadas pela esplêndida defesa do ex-advogado-geral da
União José Eduardo Cardozo. Nem é preciso repetir a belíssima defesa da
própria Dilma Rousseff (que, diga-se de passagem, foi muito mais feliz do que
em diversas outras circunstâncias em que se pronunciou publicamente).
Acreditamos na Democracia, mas vemos nossas expectativas desiludidas num
processo puramente político.
Aqueles que figuraram como juízes
poderiam afirmar “façam o que eu digo, mas não façam o que eu faço”. Espera-se
agora que tais políticos, de “conduta ilibada”, sejam baluartes da ética e da
moral e deem curso a uma era de direitos. O certo é que ficamos passivos vendo
a derrocada do governo, e nada fizemos além de lamentar, como o faço agora
nesse momento.
O princípio jurídico da presunção
da inocência foi suplantado pela prepotência de muitos que ignoram tanto o
direito que nem mesmo sabem o que significa “crime de responsabilidade fiscal”.
Diziam estar atentos à constituição, mas bastaria uma simples arguição para ver
uma repetição vazia de conceitos já ditos sem fundamentação por outros. E isso
foi claro com tantas perguntas idênticas, apenas no intuito de “aparecer” na
mídia num momento tão marcante da história.
O que nos deixa ainda mais
consternados é o fato que pessoas que não possuem um menor conhecimento
jurídico critiquem a atuação de um magnífico jurista. Pois é, deixamos a era da
episteme (conhecimento das causas) e voltamos à era da doxa (opinião), anterior ao gregos. Todos se
tornaram doutores em direito a partir do momento em que viram o desenrolar do
processo na televisão. Eu, por exemplo, quando afirmo isso, paradoxalmente ainda
estou no terreno da doxa.
Mas como eu disse, só lamentamos
e continuaremos lamentando quando virmos nossos direitos sendo suplantados
pelos interesses de uma classe dominante. Não sei por quê, mas não vejo um futuro alvissareiro, apesar de torcer para
que agora embarquemos numa era de faxina política. Que o mesmo processo que
retirou Dilma Rousseff do governo da Nação, agora parta para seu
vice-presidente que também poderia ser prestigiado com a inversão da regra jurídica,
retroagindo contra ele.
#LutarSempre#ImpeachmentDay
#LutarSempre
sexta-feira, 26 de agosto de 2016
sexta-feira, 19 de agosto de 2016
terça-feira, 2 de agosto de 2016
terça-feira, 19 de julho de 2016
segunda-feira, 18 de julho de 2016
quarta-feira, 8 de junho de 2016
terça-feira, 31 de maio de 2016
quarta-feira, 25 de maio de 2016
OS SOFISTAS E SUA CONTRIBUIÇÃO PARA A HISTÓRIA DA FILOSOFIA
A CONTRIBUIÇÃO DOS SOFISTAS PARA A FILOSOFIA
terça-feira, 24 de maio de 2016
Estudar para que?
Por: Cristiano de Paiva Barroso
Fico
observando os comentários em vídeos no youtube, em sites de
relacionamento, e em blogs sobre psicopedagogia relacionados à falta de
interesse dos alunos pelo aprendizado. Em todos os comentários, tenho a
nítida impressão de que o problema no ensino é culpa única e
exclusivamente do professor. Não vou aqui defender aquele profissional
que só pensa em ganhar dinheiro, se é que seja possível ganhar dinheiro
no Brasil sendo professor. Mas o que me deixa consternado é o fato de
que a cada dia as pessoas estão transferindo a própria responsabilidade
pelos sucessos para outros.
"O
aluno não é desinteressado, é professor que não sabe motivá-lo!", "o
médico não é incompetente, ele ganha pouco e não pode ter empatia pelo
paciente", "o engenheiro não cometeu erros, foram os pedreiros da obra
que não seguiram as instruções", "o motorista de ônibus não é mal
educado, ele está estressado por causa do trânsito da cidade". Esses
exemplos devem ser tomados como exemplos, isto é, não podem ser
generalizações. O que devo ressaltar aqui: cabe ao professor motivar os
alunos mesmo que não haja nenhum interesse por parte desses? Cabe ao
paciente compreender em sua situação frágil que o médico possui outros
problemas e não pode lhe dar a devida atenção? Cabe aos pedreiros da
obra toda a responsabilidade pelos insucessos mesmo não sendo
devidamente orientados e supervisionados (lógico que a falta de
supervisão também pode se tornar subterfúgio para se eximir de
responsabilidade). Cabe ao passageiro de um coletivo deixar de exercer o
seu direito de usufruir com tranquilidade do transporte público porque o
trânsito é estressante para o motorista?
Como
eu disse, são só exemplos. Há muitos alunos interessadíssimos e seu
sucesso vai depender não somente de seu empenho, mas do empenho daquele
lhes ensina. Há muitos engenheiros, médicos e motoristas de ônibus
competentes, atenciosos e prestativos, mas esporadicamente podem acabar
passando por situações que tais quais qualidades sejam ofuscadas. O que
não se pode admitir é que a responsabilidade por nossos insucessos seja
transferida a outrem. Como diria Jean-Paul Sartre: "não importa o que
fizeram de nós, importa o que fizemos com o que fizeram de nós".
quarta-feira, 11 de maio de 2016
QUIMERAS E VERDADES: Estudar para que?
QUIMERAS E VERDADES: Estudar para que?: Por: Cristiano de Paiva Barroso Fico observando os comentários em vídeos no youtube, em sites de relacionamento, e em blogs sobre p...
quarta-feira, 4 de maio de 2016
quinta-feira, 28 de abril de 2016
E por falar em corrupção...
Ver a votação do impeachment na Câmara deixou muita gente boquiaberta. Muitos ficaram abismados com a qualidade dos discursos dos que votaram a favor ou contra o impeachment. Outros ficaram convencidos de que não há salvação para a nossa situação visto que até quem conduzia o processo era um investigado por corrupção. Não vou entrar no mérito se deve ou não haver o impeachment, afinal essa discussão está desgastada e só terá fim quando se confirmar se houve ou não crime de responsabilidade fiscal como previsto na Constituição, contudo, não cabe a nós, leigos, essa confirmação. Por ora, deixemos nossas posições políticas e pensemos um pouco sobre como nos comportamos no dia a dia.
Tem muita gente que se diz de conduta ilibada, mas quando questionada em suas atitudes, reconhece-as como legítimas, todavia, quem legitima essas atitudes? Falei num Post anterior sobre isso, a democracia está sendo deturpada: “não é só porque todo mundo faz, que uma atitude imoral passa a ser legitimada”.
Inúmeras são as situações em que a corrupção está presente, mesmo que de maneira camuflada, por exemplo: falsificar a carteira de estudante para pagar meia entrada em cinema; roubar sinal de TV a cabo ou de internet; furar fila; achar algo que sabe de quem é e não devolver; comprar um imóvel em aglomerado com o único objetivo de receber indenização do governo; burlar dados para receber um benefício como o bolsa-família; mentir no endereço da residência para ganhar uma quantidade maior de vales-transportes e vendê-los; responder chamada ou "bater ponto" pelo colega; embolsar um troco que veio a mais mesmo percebendo o equívoco; fingir estar dormindo no banco preferencial ou parar em vaga de deficientes; acelerar o veículo para impedir que um veículo que ligou a seta venha para a via; comprar um produto muito abaixo do preço desconfiando da sua origem ilícita; plagiar trabalho de um colega ou fazer uma cópia integral da internet; pagar alguém para fazer um trabalho escolar; colar na prova seja de escola, concurso ou vestibular; fumar em ambientes públicos; tentar dar um jeitinho para ser atendido primeiro em algum procedimento; procrastinar com o trabalho acessando redes sociais no horário impróprio etc. Por aí vai. Se eu fosse enumerar todas, ficaria a noite inteira escrevendo e ninguém iria dar conta de ler.
Enfim, diversos são os subterfúgios das pessoas que agem dessa maneira, por exemplo: “Ah! Eu tenho que falar que moro longe mesmo, meu salário é muito baixo e preciso completar com o vale-transporte”; “Ah! Eu ganho pouco, para que dar o sangue por esse emprego!”; “eu comprei esse videogame baratinho sem nota fiscal, mas não dá pra saber com certeza se é roubado!”. O que as pessoas esqueceram é de que são responsáveis pelas suas escolhas: se eu preciso ganhar mais e ser reconhecido tenho que batalhar por isso (nesse sentido, por exemplo, a greve é legítima), não burlar uma norma para isso; se eu quero comprar algo barato posso buscar locais confiáveis ou adquirir de alguém que confirme a procedência; se eu não quero me matar de trabalhar, não posso esquecer que sou pago para trabalhar (não é preciso dar o sangue, mas cruzar os braços é uma forma de corrupção, pois se ganha por um trabalho que não é executado). Desculpas diversas também podem ser dadas pelos políticos que hoje são criticados por nós. Longe de mim defender a corrupção dos políticos, pois a sociedade é corrupta. Ao contrário, acho que todos têm que fugir da lógica do “levar vantagem em tudo”, só assim poderemos ter um fio de esperança de que as coisas mudem.
sexta-feira, 15 de abril de 2016
Anomia social: inversão de valores e invenção de valores
Vivemos num mundo de tamanha anomia social que os valores estão invertidos, o certo ficou errado, o errado ficou certo: "deixa de ser bobo...todo mundo faz isso" (e isso não se restringe apenas ao campo da política). As pessoas se deixam levar por esse discurso como se o que fosse feito pela maioria tivesse sido legitimado instantaneamente. A democracia aqui é utilizada de forma equivocada. Os valores são deturpados em prol de uma maioria. Se Sócrates, o filósofo grego defensor da Democracia (claro que de um outro tipo de democracia muito diferente da nossa) ainda fosse vivo, ele beberia cicuta, de boa vontade, sem nem mesmo ser necessário um julgamento.
Por outro lado, estamos vivendo a era do politicamente correto. Inventam-se diversos estratagemas para se evitar qualquer tipo de atrito, mas sem analisar concretamente as consequências. Por exemplo: não se chama mais um negro de negro, por receio de ser acusado de racismo, mas sim de afrodescendente. Contudo, isso me soa como uma ironia estranha, como se a palavra "afrodescendente" ocultasse qualquer preconceito e, em muitos casos, é um mero eufemismo para o que pessoa realmente quer expressar. O respeito pelo outro, que em nada difere de nós enquanto ser humano, deveria ser o suficiente para se evitar qualquer tipo de preconceito e discriminação. Mas não, foi necessário essa invenção.
Além disso, exatamente por causa da hipérbole nesse "politicamente correto", não posso me levantar para dar lugar a uma pessoa no ônibus que penso estar grávida ou que me parece cansada, ou idosa, que tenho que analisar todas as nuances: "ela está grávida mesmo, ou a barriga está grande", "ela vai pensar que eu a estou achando velha" etc. Na dúvida, levanto-me sem dizer nada e vou para o final do ônibus como se fosse descer, assim evito qualquer turbulência por uma ação bem intencionada que pode acabar mal.
E por falar em nuances, o que dizer então das nossas falas cotidianas que devem ser solapadas para evitar interpretações errôneas, por exemplo, quando conversamos com duas mulheres ou dois homens que possuem um relacionamento (para não ser acusado de homofóbico), com uma mulher mais velha que namora com um rapaz mais jovem (para não ser acusado de preoceituoso), com uma mulher que dirige uma grande empresa superando os estereótipos machistas (para não ser acusado de sexista), e por aí vai... Na dúvida, é melhor ficar calado. Ah! E nem pense em fazer piada com uma dessas situações, você acabará muito mal visto.
Em suma, a sociedade inverteu os valores de tal maneira que se perdeu num redemoinho sem destino e acabou criando outros valores e subterfúgios que nos fazem esquecer o que realmente importa. Aristóteles dizia que "o homem é um ser social", e com isso, resgata-se que o verdadeiro valor é aquele nos permite viver numa harmonia social. Se formos consultar nossa consciência a cada ação, o que fará a diferença? O respeito real pelo outro, pelo que ele é (que, diga-se de passagem, já seria o suficiente para se evitar tanto o preconceito quanto atitudes imorais - como a violência, corrupção etc), ou apenas uma falsa imagem (constantemente criticada por Platão na "Alegoria da Caverna", por isso para ele "falsa imagem" é um pleonasmo). Eu ficaria com a primeira opção, e você?
quarta-feira, 6 de abril de 2016
Ouvir dizer não é saber!
Infelizmente estamos na época do ouvi dizer. As pessoas são levadas pelos meios de comunicação a serem meras repetidoras midiáticas: "Ah! Ouvi dizer que o Lula foi preso", "Ah! Ouvi dizer que a Dilma está envolvida no escândalo da Petrobrás", "Ouvi dizer que o Sérgio Moro vai prender o Michel Temer", "Ouvi dizer que o Joaquim Barbosa deve impostos na Flórida", isso nos restringindo apenas aos assuntos políticos em pauta atualmente.
As pessoas perderam a capacidade de pensar por si próprias e, como já não bastasse confiar cegamente em tudo que vem da ciência com a velha expressão: "está cientificamente comprovado que...", agora repetem o "ouvi dizer" como se fosse uma verdade já estabelecida.
Veja bem, não estou defendendo que não deva haver investigação séria de todo e qualquer crime que ocorra, mas, antes da comprovação, ainda vale o Princípio Constitucional do in Dubio Pro Reo (uma expressão latina que significa literalmente na dúvida, a favor do réu).
O que eu vejo na verdade é uma gama de jogos de interesses difusos e escusos, pessoas que não estão buscando o bem da nação mas manipulação partidária. Não importa se eu sou pró ou contra PT, o que importa é simplesmente a verdade que anda esquecida.
E alguém me diz em resposta a essas observações: "mas é bom que haja impeachment da Dilma, pois aí os demais vão agir corretamente a fim de que se evite que ocorra o mesmo com eles". Quanta inocência! Tudo bem que o medo de ser punido pode evitar que o crime aconteça, mas a possibilidade da impunidade poderá prevalecer principalmente se os atuais interesses desses que comandam esse "golpe", se mantiverem.
Lembrem-se de que estamos em um Estado Democrático de Direito, se quiserem mudar isso, não basta um impeachment, é necessário uma reforma política geral. Mas qual seria a saída? Ainda não me convenceram que haja outro regime melhor que Democracia. Se ela parece falida, é porque nós deixamos que isso aconteça. Tudo bem que estamos numa Democracia Representativa, e não participamos diretamente das decisões, mas urge o momento em que nós deixemos de olhar para o nosso próprio umbigo e pensemos no interesse geral, principalmente no momento das eleições. Fazendo uma analogia tosca, lembram-se do dia em que casamento era um compromisso para a vida toda? Infelizmente muita gente hoje casa pensando: "se não der certo, a gente separa". Estão querendo fazer o mesmo com a política!!!
quarta-feira, 30 de março de 2016
Diário de um dia que esqueci
Prezado diário, escrevo em ti aquilo que no futuro
poder-me-á a ajudar a compreender as loucuras e arrependimentos que marcaram
minhas experiências passadas. O dia de hoje foi como o de ontem, e o de ontem
como todos os demais de minha existência. Não é a memória enfraquecida que me
faz desdenhar o que foi vivido, é a própria insignificância de minha vida.
Acordei... Quisera eu permanecer sonhando, sonhava com um mundo diferente deste
no qual vivo. Ainda bem que não me interrompes enquanto escrevo, pois, do
contrário, perderia a coragem de escrever em ti aquilo que ninguém nunca saberá.
Como dizia, acordei... Mas meu sonho era tão real! Quem poderá fazer com que eu
compreenda que era apenas um sonho? A realidade é tão dura, às vezes insana.
Voltando a relatar o meu dia, acordei...Será que acordei para a realidade? Ou a
realidade é o que vivi no meu sonho? Tudo perfeito. A ausência do egoísmo dava
a todos a plena alegria igualmente repartida. Mas, como já disse antes,
acordei... Não era preciso dizer nada, um gesto ou um olhar eram o suficiente
para que as pessoas compreendessem a sinceridade de minhas atitudes. Não vivia
no ócio, mas trabalhava na alegria da reciprocidade de meu trabalho. Todavia, a
partir do momento no qual acordei... O sonho se parecia com a utopia dos
esperançosos e a banalidade dos pessimistas... Sabe de uma coisa, vou dormir,
relatar as inúmeras coisas que fiz durante este dia deixou-me profundamente
cansado.
Água mole em pedra dura tanto bate até que... acaba a água
Todos os dias, uma figura misteriosa andava pela cidade a
gritar em alta voz palavras incompreensíveis. O sotaque alemão impunha respeito
e impedia mesmo aos mais corajosos a revolta do despertar do sono no meio da
noite. Talvez aquele homem estaria com sede, já que, das palavras desconexas a
única a ser compreendida era “água”. Naquele bairro de classe média, ninguém
ousava levantar-se e pedir àquele homem que se calasse. Meses se passaram e as
autoridades foram informadas. Viaturas percorriam o local atrás do criminoso a
desacatar a ordem pública. Nunca o apanharam, sempre que estavam em um bairro,
ele estava em outro a gritar. Novos telefonemas eram dados e, com a chegada dos
policiais, aquele homem desaparecia sem deixar rastros (talvez andasse somente
no asfalto) nem pistas. Empresários, cansados pela noite mal dormida,
projetavam em seus funcionários a frustração de seus desejos; mulheres, fuxicando
a vida alheia, tentavam descobrir quem era o misterioso homem a gritar pela
água; policiais, diante dos depoimentos das testemunhas, concluíram que o
insano homem deveria estar repetindo um vocábulo alemão que, mau compreendido,
assemelharia à palavra água no português.
Mais outros meses se passaram, e o homem, louco para
alguns e excêntrico para outros, desapareceu. Faltava um minuto para a chegada
do ano de 2010 e todos, com seus apetrechos supersticiosos, se posicionavam
diante do relógio e do champanhe para a contagem regressiva. Iniciou a contagem
regressiva: “dez” e um pensava na família distante sofrendo com a seca do
nordeste, “nove, oito, sete” e outro pensava nas crianças mortas pela fome e
pela guerra; “seis, cinco, quatro” e outro, com seu egocentrismo exacerbado só
pensava na carreira que seguiria após ter conseguido se livrar de um
concorrente a um emprego”; “três, dois”; Maria tinha ido à cozinha para lavar
os copos e não voltara até então; “um” ...e, em todas as casas do mundo,
naquele mesmo instante, ouviu-se a triste exclamação: “não há mais água”.
A esperança é a ultima que morre
Eram três irmãs: Fé, Esperança e Caridade. Barnabé, homem
simples do interior da Bahia, ao ouvir um sermão do padre de sua paróquia sobre
as três virtudes teologais, decidiu colocar nas filhas que tivesse os nomes das
três virtudes. Quarenta anos depois, Dona Esperança contemplava as fotos das
irmãs. Quanta saudade! Acabara de voltar do velório de uma delas. Dona Fé,
apesar do jeito alegre e extrovertido, não contou com a longevidade de sua irmã
Esperança e morreu por um enfarte. Dona Esperança chorava ao lembrar-se de
Caridade, sua irmã mais nova, que nem ao menos ultrapassou a adolescência
devido a uma tuberculose. Como explicar a solidão que sentia? Mesmo, após os
pais terem ido para um bom lugar (apesar da alma não ocupar espaço), viviam as
três em contínua harmonia. Esperança, a mais velha, nunca se colocou como
autoritária, juntava-se às outras em tudo, até mesmo nas quadrilhas e
quermesses. E foi assim que, na solidão de sua casa, abandonada, até mesmo,
pelos animais de estimação já mortos de velhice, Dona Esperança resolveu não
mais viver. Mas a salvação parecia bater-lhe à porta. Rodolfo, um senhor, já
dono de uma prole de sete filhos, viúvo havia cinco anos, resolveu declarar-se,
estava apaixonado por ela; e lhe disse palavras tão doces ao ouvido que ela não
hesitou em dispensar a solidão como companheira tomando-o em seu lugar. Como
não poderia deixar de acontecer, casaram-se, mas não tiveram nenhum filho, seis
anos depois, resolveram fazer um passeio em família. Todos gostavam de Dona
Esperança, simples e humilde, tinha somente uma preocupação, não ofender e não
ser enfado aos outros. Na estrada, o filho mais velho de Rodolfo, tomava todas
as precauções necessárias para uma boa viagem. Numa curva, repentinamente foram
cortados por um caminhão em alta velocidade. Uma roldana férrea, que não estava
bem presa ao caminhão que a carregava, soltou-se e atingiu o carro. Todos, com
exceção de Esperança, morreram. Esperança, depois de dois meses de cuidados
intensivos, teve alta hospitalar. Chegando em casa, contemplava a foto do
marido. Quanta saudade! E, diante de várias alternativas para extinguir a
solidão, Dona Esperança morreu só. E, nenhum parente veio em seu enterro, Dona
Esperança não os tinha mais, todos morreram antes dela. Esperança morreu de
solidão.
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