quarta-feira, 16 de agosto de 2017

POLÍTICA NA HISTÓRIA: MAQUIAVEL



As influências de Platão e Aristóteles no terreno da reflexão política foram marcantes tanto na Antiguidade como na Idade Média. A ideia de que a política tem como objetivo o bem comum, que em Platão seria a justiça e em Aristóteles a vida boa e feliz, orientou grande parte da reflexão política até hoje.
Os filósofos romanos antigos, como Cícero e Sêneca, privilegiam a formação do bom príncipe, educado de acordo com as virtudes necessárias ao bom desempenho da função administrativa. Concepção política do bom governante predominou no período medieval.
                Na Idade Média, com o desenvolvimento do cristianismo e o esfacelamento do império romano, a Igreja consolidou-se, primeiramente, como um poder extra-político. Mas depois, ao longo da Idade Média e em parte da Idade Moderna, ocorreu uma aliança entre o poder eclesiástico e o poder político. E como a Igreja Católica entendia que todo poder pertence a Deus, seguiu a ideia de que os governantes seriam representantes de Deus na Terra. O rei passou, então, a ter o direito divino de governar.
                O filósofo italiano Nicolau Maquiavel (1469-1527) é considerado o fundador do pensamento político moderno, uma vez que desenvolveu sua filosofia política em um quadro teórico completamente diferente do que se tinha até então.
      No pensamento antigo a política estava relacionada com a ética e, na Idade Média, essa ideia permaneceu, acrescida dos valores cristãos. Ou seja, o bom governante seria aquele que possuísse as virtudes cristãs e as implementasse no exercício do poder político.
      Maquiavel observou, porém, que havia uma distância entre o ideal de política e a realidade política de sua época. Escreveu então o livro O príncipe (1513-1515), com o propósito de tratar da política tal como ela se dá, ou seja, sem pretender fazer uma teoria da política ideal, mas, ao contrário, compreender e esclarecer a política real.
      Dessa forma, Maquiavel afastou-se da concepção idealizada de política. Centrou sua reflexão na constatação de que o poder político tem como função regular as lutas e tensões entre os grupos sociais, os quais, em seu entendimento, eram basicamente dois: o grupo dos poderosos e o povo. Essas lutas e tensões existiram sempre, de tal forma que seria ilusão buscar um bem comum para todos.
                Para Maquiavel a política tem como objetivo a manutenção do poder do Estado, e não necessariamente o Bem comum. E, para manter o poder, o governante deve lutar com todas as armas possíveis, sempre atento às correlações de forças que se mostram a cada instante. Isso significa que a ação política não cabe nos limites do juízo moral. O governante deve fazer aquilo que, a cada momento, se mostra interessante para conservar seu poder. Não se trata, portanto, de uma decisão moral, mas sim de uma decisão que atende à lógica do poder.
Com a frase: Os fins justificam os meios,  Maquiavel vai afirmar que na ação política não são os princípios morais que contam, mas os resultados. É por isso que, segundo ele, os fins justificam os meios.
Nessa obra, o filósofo faz uma análise não moral dos atos de diversos governantes, procurando mostrar em que momentos suas opções foram interessantes para a manutenção do poder político. Deve-se a essa franqueza despudorada o uso pejorativo do adjetivo maquiavélico, que designa o comportamento "sem moral".
                Assim, no corpo da política, os fins justificam os meios. No campo da moral, no entanto, não seria correto separar meios e fins, já que toda conduta deve ser julgada por seu valor intrínseco, independente do fim, do resultado.

Referência: Fundamentos da Filosofia de Gilberto Cotrim e Mirna Fernandes.

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