quarta-feira, 17 de julho de 2019

FILOSOFIA PARA SER FELIZ | PROFESSOR CRISTIANO



Muita gente ao falar de
filosofia, muitas vezes tende a relacioná-la a certas correntes atuais mais ligadas
à autoajuda. Por incrível que pareça, o motivo dessa correlação não é um mero
equívoco. Ambas em suma, tem como base o mesmo objeto: o que fazer para ser
feliz. Mas a filosofia, ao contrário, não traz respostas prontas a essa
pergunta, mas cria indagações que acabam ajudando o indivíduo nessa busca desde
o nascimento da atividade filosófica na Antiguidade grega, há mais de 25
séculos.
Como a própria etimologia revela,
a palavra filosofia é formada pelos termos gregos philos, “amigo”, “amante”, e sophia,
“sabedoria”. Portanto, filosofia quer dizer “amor à sabedoria” e sabedoria,
para os gregos, não era apenas um grande saber teórico, mas principalmente prático,
tendo em vista que buscava o objetivo supremo da vida humana: a eudaimonia, que
nós hoje traduzimos como felicidade. Em sua origem histórica, a relação da
filosofia

com a felicidade era fundamental, pois a vida boa seria a finalidade última da
investigação filosófica. A filosofia se apresentava como um conhecimento
superior que conduzia à vida boa, isto é, que indicava como viver para ser
feliz e o filósofo se reconhecia como aquele que buscava, praticava e ensinava
um método, um caminho para a felicidade. Mas, de novo é importante ressaltar
que indicar um caminho não é o mesmo que apresentar uma resposta, pois quem vai
trilhar um caminho, tem a total liberdade para contornar seus obstáculos, além
de ser quem afinal de contas irá definir a sua meta. Nesse sentido, se fôssemos
tomar a palavra “autoajuda”, estariámos no mesmo discurso da filosofia. Mas
sabemos que com o termo autoajuda hoje, somos bombardeados com diversas
respostas prontas para  a vida, que
muitas vezes desconsideram a especificidade da vivência humana, reduzindo
problemas que devem ser superados a meros obstáculos a serem ignorados.
Como veremos na próxima aula,
desde sempre os filósofos consideram a felicidade finalidade última de todos os
nossos atos, mesmo de ações que parecem “ruins” por algum tempo, ou daquelas
que realmente nos fazem mal e aos outros. É que, no fundo – conforme acreditam
vários filósofos e psicólogos –, a intenção última de toda ação ou conduta é
“positiva” no sentido de que, consciente ou inconscientemente, a pessoa está
buscando,

por meio dessa ação, trazer, preservar, aumentar seu bem-estar, ou mesmo
evitar, acabar com uma dor, um sofrimento, uma tristeza.
É o caso, por exemplo, do jovem
que “malha” todos os dias na academia para alcançar uma boa condição física,
que vira a noite estudando para passar no ENEM ou que realiza trabalhos
voluntários em sua escola ou comunidade. São esforços, “sacrifícios”, ações em
que se abandona o prazer imediato em busca de um bem maior, uma alegria. A
felicidade atrai as pessoas e impulsiona seus movimentos, suas ações. A própria
etimologia revela que a palavra felicidade vem do latim felicitas, que, por sua
vez, deriva do latim antigo felix, que significa “fértil, frutuoso, fecundo”.
Por isso poderíamos dizer quefelicidade é um estado de fecundidade que gera
vida e vitaliza nossa existência.
Mas como eu disse, a busca da
felicidade também está por detrás de muitos comportamentos autodestrutivos,
como a dependência das drogas, do álcool e do tabaco, ou antissociais, como a
violência e a delinquência, ou até  no
simples egoísmo e na falta de consideração pelos demais.
Dessa maneira, quando afirmamos
que a felicidade é a finalidade última de todos os atos não estamos dizendo que
todo e qualquer ato traz felicidade. Muitas vezes  quando buscamos felicidade, acabamos conseguindo
a infelicidade. Por isso é tão importante desenvolver um conhecimento mais
crítico sobre o mundo, sobre as coisas. E essa seria uma das propostas da
filosofia desde os gregos, sobre os quais falarei na próxima aula.

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