sexta-feira, 2 de agosto de 2019

A FELICIDADE SEGUNDO ZYGMUNT BAUMAN | PROFESSOR CRISTIANO





Ainda falando sobre a ideia de
Felicidade na filosofia, fazendo um rápido percurso em toda a história
poderíamos acompanhar o peso que essa busca teve ao longo dos séculos. Por
exemplo, após a idade média, valores de igualdade e de liberdade foram ganhando
importância. Mesmo antes disso, alguns estudiosos mostram que a noção de amor
ao próximo – vinculada ao surgimento do cristianismo – contribuiu para disseminar,
progressivamente, a noção de igualdade entre todos os seres humanos, pois o
Deus cristão os teria criado a todos para reinar sobre a Terra e os amaria
igualmente, impondo o respeito por toda a humanidade, mas foi apenas a partir
do século XVIII com o pensamento iluminista que isso passou a significar também
igualdade de direitos. Ao mesmo tempo, foi ganhando especial relevância a noção
de liberdade: liberdade de ser (diferente da natureza), liberdade de pensar por
si próprio (de consciência), liberdade de querer e agir (política e autonomia).
Hoje em dia, é difícil pensar que uma pessoa possa ser feliz sem ser livre. Ou
se for discriminada, isto é, tratada de maneira desigual. No entanto, a busca
desenfreada de felicidade individual dos dias atuais acabou trazendo diversos
problemas não somente sociais, mas a até mesmo para o indivíduo que a busca,
preconizando então a busca do bem comum como caminho para uma vida feliz. Nesse
sentido, gostaria de trazer como reflexão aqui nesse último vídeo da série
sobre felicidade, as abordagens do filósofo Zygmunt Bauman.
Bauman é um dos expoentes da
chamada “sociologia humanística” e dedicou a vida a estudar a condição humana. Sua
vida serviu de inspiração para suas obras: nascido na Polônia em 1925, Bauman
serviu como militar durante a Segunda Guerra Mundial, foi militante do Partido
Comunista polonês e professor da Universidade de Varsóvia. Filho de judeus, ele
foi expulso da Polônia em 1968 do antissemitismo, emigrou para Israel e se
instalou na Inglaterra, onde desenvolveu a maior parte de sua carreira. Suas
ideias refletem sobre a era contemporânea em temas como a sociedade de consumo,
ética e valores humanos, as relações afetivas, a globalização e o papel da
política. Ao contrários de vários pensadores, Bauman não utiliza o termo
pós-modernidade. Ele cunhou o conceito de “modernidade líquida” para definir o
tempo presente. Escolheu a metáfora do “líquido” ou da fluidez como o principal
aspecto do estado dessas mudanças. Um líquido sofre constante mudança e não
conserva sua forma por muito tempo. As formas de vida contemporânea, segundo ele,
se assemelham pela vulnerabilidade e fluidez, incapazes de manter a mesma
identidade por muito tempo, o que reforça um estado temporário e frágil das
relações sociais e dos laços humanos. Essas mudanças de perspectivas
aconteceram em um ritmo intenso e vertiginoso a partir da segunda metade do
século XX. Com as tecnologias, o tempo se sobrepõe ao espaço. Podemos nos
movimentar sem sair do lugar. O tempo líquido permite o instantâneo e o
temporário.
Em seu primeiro livro,
“Mal-estar da pós-modernidade”, Bauman com esse título faz uma analogia com a
obra de Freud “O mal-estar da civilização”, segundo a qual na idade moderna os
seres humanos trocaram liberdade por segurança, mas o excesso de ordem,
repressão e a regulação do prazer gerou um mal-estar, um sentimento de culpa.
Bauman chama esse período de modernidade sólida,
e
descreve que pela estabilidade do Estado, da família, do emprego ou de outras
instituições, aceitava-se um determinado grau de autoritarismo. Segundo ele, a
marca da pós-modernidade (ou modernidade líquida) é a própria vontade de
liberdade individual, princípio que se opõe diretamente à segurança projetada
em torno de uma vida estável. Se na modernidade sólida os conceitos, ideias e
estruturas sociais eram mais rígidos e inflexíveis, na modernidade líquida o
mundo é repleto de sinais confusos, propenso a mudar com rapidez e de forma
imprevisível.

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