terça-feira, 1 de dezembro de 2015

DOMINGO DE INFÂNCIA

Ligo a televisão que está em cima de tijolos empilhados na sala

Após escutar o plim-plim vou mudando de canal, 

Meu corpo está cansado, minha mente mais ainda. 

A quilômetros daqui, um rio, ainda não poluído, corre devagar 

Enquanto alguém nele pesca em sua alegria serena e solitária. 

Ouço o meu nome, minha mãe me chama para almoçar, 

Que triste sina a das mães: dizerem quando os filhos devem estar com fome. 

O cheiro que vem da cozinha me faz flutuar até lá, 

Antes, porém, desligo a televisão de longe com um controle remoto. 

Meu pai chega em casa e se senta num tamborete, 

Enquanto solta os seus dois suspiros tradicionais liga a televisão, 

Da cozinha escuto novamente o plim-plim e me lembro: “hoje tem jogo do galo”. 

Vou para a sala com o prato na mão e encontro meu pai alheio a tudo,

Segura absorto as contas que minha mãe lhe passou;

Que dura sina a dos pais: trabalhar para sobreviver 

E fazer com que a família também sobreviva. 

Na televisão anunciam novos aumentos,

Nessa onda, vão acabar cobrando impostos sobre o oxigênio.

Penso: “deveriam ser proibidas notícias como estas num domingo”,

Mas não falo nada. 

Quando acabo de almoçar, vou para o quarto escutar Schumann e Tchaikovsky . 

Enquanto meu pensamento viaja, encontra naquele rio o pescador já de saída:

Vai para casa sem levar nenhum peixe, mas leva a alma tranqüila e esperançosa. 

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