Ligo a televisão que está em cima de tijolos empilhados na sala
Após escutar o plim-plim vou mudando de canal,
Meu corpo está cansado, minha mente mais ainda.
A quilômetros daqui, um rio, ainda não poluído, corre devagar
Enquanto alguém nele pesca em sua alegria serena e solitária.
Ouço o meu nome, minha mãe me chama para almoçar,
Que triste sina a das mães: dizerem quando os filhos devem estar com fome.
O cheiro que vem da cozinha me faz flutuar até lá,
Antes, porém, desligo a televisão de longe com um controle remoto.
Meu pai chega em casa e se senta num tamborete,
Enquanto solta os seus dois suspiros tradicionais liga a televisão,
Da cozinha escuto novamente o plim-plim e me lembro: “hoje tem jogo do galo”.
Vou para a sala com o prato na mão e encontro meu pai alheio a tudo,
Segura absorto as contas que minha mãe lhe passou;
Que dura sina a dos pais: trabalhar para sobreviver
E fazer com que a família também sobreviva.
Na televisão anunciam novos aumentos,
Nessa onda, vão acabar cobrando impostos sobre o oxigênio.
Penso: “deveriam ser proibidas notícias como estas num domingo”,
Mas não falo nada.
Quando acabo de almoçar, vou para o quarto escutar Schumann e Tchaikovsky .
Enquanto meu pensamento viaja, encontra naquele rio o pescador já de saída:
Vai para casa sem levar nenhum peixe, mas leva a alma tranqüila e esperançosa.
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