quarta-feira, 2 de dezembro de 2015

SOMENTE SER

Não quero a saudade
De um passado que eu nunca tive,
Não quero a ansiedade
De um futuro que não terei,
Não quero um ativismo
Que me faça desprezar o presente.
Quero poder parar
Sem que minha consciência mande: "ande".
Quero poder calar
Sem que minha consciência me force a falar.
Quero poder reconhecer que ‘o ser que sofre
Não sofre porque quer, mas porque é necessário’
Sem ser acusado de pessimista.
Quero buscar ser feliz
Sem que minha consciência me acuse de egoísta.
Quero poder contemplar o anoitecer
Sem me preocupar com o amanhã.
Quero admirar, ao amanhecer, o arrebol
Sem me preocupar com o que fazer.
Quero poder ser, sem agir, nem dormir,
Só sentir, sem êxtase, o dia que passa levemente
Como o perfume de uma rosa levado pelo vento.
Quero estar em consonância com a natureza
Tal qual um ser outrora vivente
De cuja matéria outras vidas fazem uso.
Quero me entregar sem reservas, nem subterfúgios,
Tal como um peixe que se deixa levar pela corrente do rio.
E, no mais completo equilíbrio, não mais querer,
Reconhecer o criador e encontrar o sentido da vida.

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