terça-feira, 15 de março de 2016

Como desdenhar o que foi vivido?




Bisões sendo perseguidos e caindo em um penhasco. Pintado por Alfred Jacob Miller.

Não vou disfarçar minha revolta
Contra esta vil difamação,
Nem tudo que vai volta,
Nem todo pensamento é oração.
Não vou dilacerar a verdade
Numa falsa humildade,
Pois sou um ser humano
Dotado de razão e emoção.
Nem tudo o que querem de mim
Pode ser considerado tão bom assim,
Pois quem me aconselha
Também é limitado
Como uma centelha
Que origina um grande fogo
E causa enormes estragos.
Nem tudo que brilha é diamante,
Mas a beleza deste instante
Não é porque venci minha ira,
Mas porque, com ela,
Dei novo rumo à minha vida.

Clareza de quem não mais oculta a hipocrisia da humanidade:

Há um homem na estrada que grita
Louvores a um terrorista:
“Bendito seja o destruidor
Da morte e da dor,
Maldito seja o sofrimento
Causado pelo conformismo do amor!”
Outros o querem calar
Por medo do que possa acontecer,
Pois quem a verdade mostrar
Grande perigo poderá correr.
Ninguém dorme de pânico
De que o revide do “bem” venha
Com um avião sobrevoando a favela
E, ao cair nela
Stshpó...
É engraçado o que a TV
Conseguiu provocar:
Mesmo quem não precisa temer
Não pára de se angustiar.
É a noite do lamento
De um mundo imerso na ilusão
Por medo de quebrar “a ordem estabelecida”.
E o que é vida?
O que representa a liberdade?
Angústia?
Esperança?
Tudo em vão.
Para que esperar outro dia
Se a vida repete o mal?
Péssimo gosto da humanidade
Aceitar como sendo a verdade
Aquilo que ameaça seu ser mortal.
E quem é chamado de louco
Não se finge mouco,
Mas demonstra o pecado original,
Porém não culpa alguém no passado
Já que quem origina o pecado
É a desigualdade social.
Mas... quem é o culpado?
O Estado!
Então chamem-no para o interrogatório
E seu aprisionamento provisório
Dar-se-á imediatamente.
E quem é o Estado?
Perguntou-me assustado.
E respondi em tom acusatório:
A gente!

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