terça-feira, 8 de março de 2016

O FILHO DO HOMEM


Dos céus há de descer a salvação
E encarnar-se neste mundo de tristeza,
Suas palavras escutadas em todo canto serão,
Mergulhando na vida em sua profundeza.
O mundo terá um rei e uma só nação,
Não haverá mais distinção da pobreza.
O Senhor para ti será perene luz,
Ovelhas sem pastor agora têm quem as conduz.

Ele é fonte inesgotável de sabedoria,
Restaurador da justiça e do direito,
Dos seus servos esplêndida alegria,
Os reconduz pelo caminho perfeito.
Penetra no coração de quem fugia
Tentando desviar-se de seus preceitos;
Neste momento principio a história
Do homem mais digno de toda glória.

O mundo esperava um messias
Que brotaria do ramo de Davi,
A terra com justiça governaria,
Sofrimento não mais haveria por aqui.
A lei do verdadeiro Deus restabeleceria,
A paz tão almejada iria vir,
Ninguém mais esperaria pelo céu
Trazido pelo Deus Conosco: Emanuel.


Um anjo apareceu a uma pura jovem
Chamada Maria e prometida a José,
O Espírito Santo com sua sombra a envolve,
"Para Deus nada é impossível, tenha fé”.
As dúvidas de seu esposo também resolve
A abrir caminho àquele que Filho de Deus é.
E assim se encarnou o Salvador
A maior prova de Deus e Seu infinito amor.

Como Rei por sábios magos foi aclamado,
Presenteado com ouro, mirra e incenso,
Por humildes pastores foi visitado
No meio de bois, vacas e jumentos;
É prova de que este Deus encarnado
Quis participar de nosso sofrimento.
Com Seu nascimento como nós se tornou,
Verbo que se fez carne e entre nós habitou.

Mal nasceu já enfrentou dificuldades,
Por causa do poder o perseguiu Herodes;
Para um lugar longe daquela cidade,
No Egito ao colo de sua mãe ele foge,
Por um sonho José sabia dessa necessidade
Pois o menino, perecer não pode.
Para matá-lo o fizeram a crianças inocentes,
Longo lamento se ouviu de muita gente.

Avisado em sonho novamente foi José
Que podiam voltar, pois perigo já não existia,
Para a região da Galiléia na cidade de Nazaré
Levaram o menino e lá fizeram moradia.
Na Providência Divina esperaram com fé,
Pois Ela sempre nos auxilia.
Salvos já podiam ter tranqüilidade
De construir nova vida naquela cidade.

Como primogênito foi consagrado ao Senhor,
Levado ao templo para a circuncisão,
Um ancião pegou-o nos braços com amor
E deu glórias a Deus, seu nome era Simeão;
Sabia que Jesus também causaria dor,
Pois seria sinal de contradição;
De uma profecia Maria foi avisada,
Seu ventre teria a dor como a de uma espada.

 Aos doze anos de idade foi levado a Jerusalém
Para comemorar a Páscoa junto com seus pais.
Quando eles voltaram notaram, porém,
Que junto deles Jesus não estava mais.
Depois de três dias encontraram-no como quem
Discutindo com os Doutores sabe o que faz:
"Por que estavam a me procurar?
Das coisas de meu Pai devo me ocupar!”.

No belo cenário da vida surge João
Que batiza anunciando o Messias esperado,
Com a água chama todos à conversão;
Jesus também por ele foi batizado
E se ouviu nas proximidades do rio Jordão:
"Este é o meu filho amado".
Jesus agora com o fogo do Espírito irá batizar
A quem se dispuser à própria vida entregar.

Repleto pelo Espírito Santo Jesus foi ao deserto
E, como nós, também sofreu a tentação,
Mas tinha consciência do plano de Deus, o certo
E resistiu até mesmo à falta de pão.
Com isso novo caminho foi aberto,
Pois o poder de Deus estava em sua mão.
Somente o filho de Deus com tal proeza
Conseguiu provar toda a Sua Realeza.

Indo a Nazaré onde fora criado,
Como era Sábado foi à sinagoga;
Deram-lhe o livro onde Isaías havia falado
Que aos pobres se destinaria a Boa Nova:
"Hoje acontece o que foi proclamado",
Isto causou a todos muita revolta,
Mas Jesus já sabia que não tinha jeito
De em sua própria terra ser aceito.
  
Jesus desceu à cidade de Cafarnaum
E na sinagoga ensinava com autoridade,
Diante Dele espírito impuro nenhum
Deixava de reconhecer sua divindade.
Sabiam que antes dele por homem algum
Tais prodígios eram feitos naquela cidade,
Mas Jesus sabia que a sua missão
Não poderia se limitar a uma só região.


Próximo ao mar da Galiléia viu dois irmãos
Que a noite inteira não pescaram nada,
Jesus subiu na barca com André e Simão
E longe da margem à multidão Ele falava.
E quando jogaram as redes, após a pregação,
Grande quantidade de peixes era apanhada
E junto com seus amigos João e Tiago
Deixaram tudo e seguiram Jesus de imediato.

Em toda a região da Galiléia Jesus pregava
E se espalhava de tal maneira sua fama
Que ao deserto para orar se retirava.
Um leproso curado a todos proclama,
Um paralítico descido do telhado perdoava
E o faz andar depois do: "levanta-te e anda".
Todos glorificavam a Deus e professavam sua fé:
Que enviado seria este Jesus Cristo de Nazaré?

Cristo, aos de virtude e sofredores, anunciou
A graça expressa para os bem-aventurados.
Nas parábolas do sal e da luz mostrou
Que nossas obras tornam o Pai glorificado.
Reafirmando a lei e os profetas confirmou
Que quem a praticar, grande será declarado,
Toda a lei não deixará de ser cumprida
"mínimo" é o que a faça ser transgredida.
  
Mostra que a cólera é o homicídio por palavras,
É preciso ter cuidado até mesmo com o pensamento,
Tem culpa quem faz sua mulher repudiada.
Em ocasião alguma é aceitável o juramento,
A violência em troca da mesma não leva a nada,
O amor aos inimigos da paz é um instrumento.
Assim se alcança do Pai a perfeição
Tratando todos como iguais para reinar a união.


Diante dos homens e de seu reconhecimento
É preciso ter cautela e humildade,
Deus vê o que está oculto no sentimento
Com a oração, o jejum e a caridade.
Ele providencia com nossa parte o alimento,
De ajuntar tesouros não há necessidade.
Ajuntemos as riquezas que ninguém rouba:
O amor que aumenta quando não se poupa.

Não julgar para não ser julgado,
Para os porcos pérolas não atirar,
O que se pedir a Deus será dado,
Ser-se-á tratado como aos outros se tratar.
Largo e fácil é o caminho errado,
Uma árvore é reconhecida pelos frutos que dá.
De que adianta falar belo da verdade
Se nas ações só se comete iniqüidade?

Um centurião se achou vil de em sua morada
Entrar o salvador que iria curar o seu servo,
Porém acreditou que bastaria uma palavra,
Não necessitava que Jesus chegasse perto;
Em Israel igual fé não foi encontrada
Um novo tesouro então foi descoberto.
Em todo o mundo Sua Mensagem irá salvar,
Basta crer e dela nunca se desviar.

 
Para seguí-lo mostra que é preciso se despojar
Da família e de toda propriedade,
Pois não têm onde a cabeça repousar
E dos parentes não sabe novidade.
Noutra ocasião Jesus dorme a navegar
Com os discípulos em meio a uma tempestade,
Quando acordou provou que até mesmo a natureza
Reconhece a Sua Voz e Realeza.

“São os doentes que precisam de remédio”,
Jesus declara e chama Mateus a lhe seguir;
Ele é o noivo e dá aos discípulos o privilégio,
De numa nova vida de alegria prosseguir,
Livres da lei da escravidão: antigo tédio,
Vinho velho e remendo velho vai banir;
Vinho novo em barris novos se conserva
É feliz quem se converte e persevera.

Jesus demonstra que da vida é Senhor,
Para quem nele acredita faz ver e falar,
O povo é como ovelhas sem pastor;
Percebe que falta operários para ceifar.
Envia seus discípulos para com o mesmo ardor
Fazer como Ele fez para seu amor proclamar.
É preciso ser simples, porém prudente,
Qualidades da pomba e da serpente.


Jesus prenuncia toda a perseguição
Pela qual os discípulos vão passar,
Assim como ao mestre perseguirão,
Aos discípulos o mesmo se pode esperar;
Mas aqueles que ao corpo matarão
Não podem com alma arruinar.
Sempre é revelado o que é escondido,
Nada de oculto deixa de ser conhecido.
  
Nada que pelo irmão se tiver feito
Ficará sem a justa recompensa,
Quem exerce a justiça e o direito
Também será perdoado de sua ofensa.
Os desígnios do Senhor são perfeitos,
Revelados aos pequenos em essência.
Se na vida o fardo a carregar é pesado,
A humildade e a mansidão o fará aliviado.

“O bem do homem está acima da lei,
O Sábado foi feito para nós e não o contrário,
Se estou errado porque neste dia curei,
Por que hoje retirais sua ovelha do buraco?
Se não é por Deus que demônios expulsei,
Como tal reino persiste separado?”
Se árvores boas plantas com alegria,
Frutos bons colherás todos os dias.


Escribas e fariseus lhe pedem um sinal,
Mas Jesus lhes denota a atenção,
Pois falava com autoridade sem igual
E sabedoria bem superior à de Salomão.
É preciso se proteger do espírito mau
Que pode liquidar com essa geração.
Quem da família de Cristo quer fazer parte,
Para a conversão nunca é tarde.

Jesus é o semeador e o homem é o terreno,
A abertura à Sua Palavra do coração
Poderá trazer frutos em número imenso.
O Reino é como um joio na plantação
Que deve ser arrancado no devido tempo
Assim as sementes boas não se perderão.
O Reino é igual ao pequeno grão de mostarda
Do qual uma grande hortaliça é originada.
  
O Reino dos Céus a um tesouro é semelhante
Pelo qual se abnega de tudo para o obter,
É semelhante a uma grande pesca que antes
De prosseguir dos peixes ruins se deve desfazer.
Jesus alimenta cinco mil homens e doravante
Todo ser, pela partilha, melhor vai viver.
Pedro vai a Jesus que caminha sobre o mar
Mas sua falta de fé o faz afundar.

Mostra que a lei de Deus supera a tradição
E o que entra pela boca nada pode fazer,
Pois os males saem é do coração.
Na Cananéia exemplo de fé ele pode ver:
Humildade de quem come migalhas de pão.
E na Galiléia quatro mil homens vai satisfazer.
“É preciso discernir os sinais dos tempos
Incólume aos fariseus e seu fermento”.

Pergunta Jesus o que dizem a seu respeito
E percebe que poucos entendem a sua missão,
Um dos seus lhe responde de modo perfeito:
Pedro, fundamento da Igreja, de nome Simão.
Mostra que da vida não se tira proveito
Se não a se entregar inteiramente ao irmão.
Anuncia que na cruz finalizará sua vida
E após três dias a morte será vencida.

Em Jerusalém como rei é aclamado
Em sua entrada triunfal em um jumentinho.
Tendo os vendedores do templo expulsado,
Foi louvado por cegos coxos e pequeninos.
Que os mortos ressuscitam foi comprovado,
Amar a Deus e ao próximo é o Caminho.
Jesus condena toda forma de hipocrisia,
Pois um cego a outro cego não guia.

  
Ele pede ao homem prudência e fidelidade
E que coloque em prática todos os seus talentos,
Quem na terra sempre teve caridade,
Receberá a vida eterna no julgamento.
Uma mulher em Betânia agiu com humildade
Ungindo Jesus para o sepultamento:
Jesus se utilizava de todo fato
E profetizou com o perfume derramado.

Na última ceia já sabia da traição
De um de seus discípulos: Judas Iscariotes,
Pois já havia um plano de conspiração
Armado por anciãos e sumos sacerdotes;
Nesta ceia fez da Eucaristia instituição
E sua memória permanece com sua morte
Sabia que seu rebanho seria disperso,
Mas a glória de Deus estava perto.

No Getsemâni Jesus ora insistentemente
E pede aos discípulos para vigiar e orar.
Pede que o cálice de dor se afaste de Sua frente,
Mas estava disposto à vontade do Pai aceitar.
Era chegada a hora de se entregar livremente;
Várias vezes encontra os discípulos a cochilar
Todos os dias Jesus ensinava no templo,
Mas ninguém o prendeu naquele tempo.

No Sinédrio arranjaram falsas testemunhas,
Para matar a Cristo de um motivo precisavam;
"Diz-se filho de Deus", alguém expunha
É a morte que merecem os que blasfemaram.
À frente de Pedro alguém se interpunha:
“Você é um dos que com Jesus andavam”;
Ao negá-lo, Pedro chora amargamente,
De sua fraqueza foi avisado anteriormente.
  
Levaram Jesus ao governador Pilatos,
Mas este nenhuma falta nele encontrou;
Expuseram ao rei Herodes todos os fatos
Que a decisão final ao governador deixou.
Lavou as mãos, não se achava culpado pelo ato
Que soltou a Barrabás e a Jesus condenou.
E o Rei dos Judeus foi escarnecido,
Flagelado, zombado e cuspido.

Puseram-lhe às costas uma cruz
E em direção ao calvário caminharam,
Obrigaram Simão Cirineu a ajudar Jesus
E pelas Suas vestes sorte lançaram.
Um dos bandidos se volta para a luz,
E rouba o céu que outros profanaram.
Coisas extraordinárias vieram a acontecer
Quando Cristo estava à sua alma a oferecer.

Mulheres que lhe seguiram desde a Galiléia
Todos os fatos à distância tinham olhado;
Um homem rico, José de Arimatéia
Lembrava da esperança de que Ele havia falado;
A Páscoa se aproximava então teve uma idéia
O corpo de Jesus por ele seria sepultado.
Temendo o que Jesus falara da ressurreição
As autoridades colocaram guardas de prontidão.

Ao amanhecer do primeiro dia
Houve um grande terremoto,
Um anjo que de relâmpago se vestia
Deixou os guardas estarrecidos como mortos.
O que viram Maria Magdala e a outra Maria
Aos discípulos deixou receosos,
Aparições a Pedro e aos discípulos de Emaús
Vieram comprovar a ressurreição de Jesus.

Fechadas as portas por medo dos judeus,
Jesus se pôs no meio deles e os cumprimentou,
E cada um o Espírito Santo recebeu,
Fruto do amor do Pai que Seu Filho enviou.
Em Betânia subindo aos céus desapareceu
E a alegria a toda a humanidade retornou;
O mundo inteiro conhecerá a sua divindade,
Quem viu deu testemunho desta verdade.

Ainda hoje esta mensagem de alegria
É boa nova que se espalha a toda a gente,
Uma esperança para este mundo de agonia,
Onde se busca a felicidade impacientemente.
É hora de construir um mundo em que algum dia
Todo sofrimento esteja ausente.
Teologia ou religião são estes versos,
Mais do que isso: são a história do Rei do Universo.




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