quarta-feira, 16 de março de 2016

VIAGENS




             Ambos eram amigos inseparáveis, viajavam para todos os lados, conheciam inúmeras pessoas, mas nunca deixaram suas "manotas". Eram os conhecidos "marangões". Desde o primeiro dia de viagem não evitavam cometer as barbaridades que antes não cometiam por falta de tempo.
            Entrando num restaurante, elegantemente, Josito explicava a Zequéu a forma adequada de se portar à mesa. Viram uma placa: “Self-service”, e Josito explicou:
            - Aquilo significa que você mesmo serve.
            Zequéu se admirava com a inteligência do amigo e, rapidamente, pegava um prato e começava a se servir. Encheu seu prato de salpicão e, começando a comer após a pesagem dos pratos, riu quando escutou um palavrão dito por seu amigo que comia um pouco de maionese e pagava o dobro que ele.
            Quando saíram, foram pegar o ônibus que já estava de partida. Numa das paradas, os dois amigos desceram e foram a uma lanchonete onde comeram sem perguntar o preço e gastaram o restante do dinheiro que possuíam. Quando voltaram, entraram no ônibus e notaram que seus lugares estavam ocupados. Zequéu, agindo como um touro bravo, deixava aqueles dois intrusos desmascarados diante dos demais passageiros. Aonde já se viu, roubar-lhes o lugar que pagaram para viajar! Novamente, acomodados, Zequéu se virava para Josito e exclamava altamente: “comigo é assim mesmo, direito a quem é de direito”. Todos os dois, já acomodados novamente, dormiram até chegar ao destino daquele ônibus. Ao sair, notaram que não estavam em Campos Altos, estavam Inhapim. Josito como sempre mais esperto que Zequéu exclamou desesperadamente:
            - Zequéu, veja, pegamos o ônibus errado!
            Estavam ali, sem dinheiro e sem roupas, suas malas foram para onde queriam ir. Josito teve uma idéia e, imediatamente, puseram-se a recuperar o dinheiro para voltar. Virando-se para um senhor de boa aparência, bem trajado, falou em tom de lamento:
            - Mal cheguei aqui, já tive má impressão. Fui roubado em plena rodaviária. Sempre quis conhecer São Paulo, mas não pensava que seria desta forma....
            Aquele senhor, antes atencioso, virou-se bruscamente e disse deixando-o a falar sozinho:
            - Inhapim está em Minas Gerais!
            Zequéu lhe disse:
            - Mas você também hein! Quer ser ajudado, falando mal da cidade dessas pessoas? Se quer inventar uma história, cite outro nome de cidade.
E, correndo em direção a uma senhora, tentou despertar-lhe a piedade dizendo:
- Minha senhora, perdoe-me a revolta de minhas palavras, mas fui assaltado quando desci do ônibus em Barroso e, agora, não tenho um centavo para seguir viagem.
Aquela era uma boa senhora e se compadecera de Zequéu. Prontamente tirava uma nota de cinqüenta reais da bolsa quando escutou:
- Se não fossem aqueles pilantras daquela cidade nojenta, eu já estaria em minha casa!
Aquela senhora, sem mais falar, entrou no carro em frente do qual estava, sem deixar-lhe a ajuda que parecia destinar-lhe. Quando o carro partiu pôde ver o motivo de tal atitude na placa do carro:      
BARROSO – MG.

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