Ambos eram amigos
inseparáveis, viajavam para todos os lados, conheciam inúmeras pessoas, mas
nunca deixaram suas "manotas". Eram os conhecidos "marangões". Desde o primeiro dia
de viagem não evitavam cometer as barbaridades que antes não cometiam por falta
de tempo.
Entrando num restaurante, elegantemente, Josito explicava
a Zequéu a forma adequada de se portar à mesa. Viram uma placa: “Self-service”,
e Josito explicou:
- Aquilo significa que você mesmo serve.
Zequéu se admirava com a inteligência do amigo e,
rapidamente, pegava um prato e começava a se servir. Encheu seu prato de
salpicão e, começando a comer após a pesagem dos pratos, riu quando escutou um
palavrão dito por seu amigo que comia um pouco de maionese e pagava o dobro que
ele.
Quando
saíram, foram pegar o ônibus que já estava de partida. Numa das paradas, os
dois amigos desceram e foram a uma lanchonete onde comeram sem perguntar o
preço e gastaram o restante do dinheiro que possuíam. Quando voltaram, entraram
no ônibus e notaram que seus lugares estavam ocupados. Zequéu, agindo como um
touro bravo, deixava aqueles dois intrusos desmascarados diante dos demais
passageiros. Aonde já se viu, roubar-lhes o lugar que pagaram para viajar!
Novamente, acomodados, Zequéu se virava para Josito e exclamava altamente:
“comigo é assim mesmo, direito a quem é de direito”. Todos os dois, já
acomodados novamente, dormiram até chegar ao destino daquele ônibus. Ao sair,
notaram que não estavam em Campos Altos, estavam Inhapim. Josito como sempre
mais esperto que Zequéu exclamou desesperadamente:
- Zequéu, veja, pegamos o ônibus errado!
Estavam ali, sem dinheiro e sem roupas, suas malas foram
para onde queriam ir. Josito teve uma idéia e, imediatamente, puseram-se a
recuperar o dinheiro para voltar. Virando-se para um senhor de boa aparência,
bem trajado, falou em tom de lamento:
- Mal cheguei aqui, já tive má impressão. Fui roubado em
plena rodaviária. Sempre quis conhecer São Paulo, mas não pensava que seria
desta forma....
Aquele senhor, antes atencioso, virou-se bruscamente e
disse deixando-o a falar sozinho:
- Inhapim está em Minas Gerais!
Zequéu lhe disse:
- Mas você também hein! Quer ser ajudado, falando mal da
cidade dessas pessoas? Se quer inventar uma história, cite outro nome de
cidade.
E, correndo em direção a
uma senhora, tentou despertar-lhe a piedade dizendo:
- Minha senhora, perdoe-me
a revolta de minhas palavras, mas fui assaltado quando desci do ônibus em
Barroso e, agora, não tenho um centavo para seguir viagem.
Aquela era uma boa senhora
e se compadecera de Zequéu. Prontamente tirava uma nota de cinqüenta reais da
bolsa quando escutou:
- Se não fossem aqueles
pilantras daquela cidade nojenta, eu já estaria em minha casa!
Aquela senhora, sem mais
falar, entrou no carro em frente do qual estava, sem deixar-lhe a ajuda que
parecia destinar-lhe. Quando o carro partiu pôde ver o motivo de tal atitude na
placa do carro:
BARROSO – MG.
Nenhum comentário:
Postar um comentário