Ele era o famoso puxa-saco. Enchia de elogios a todos que
encontrava tentando desta forma ser tido entre os amigos de quem era por ele
elogiado. Era só encontrar o Zé da Viola e iniciava o seu bombardeio:
- Há quanto tempo? Não tem tocado mais no bar Du Gomes?
Sentimos imensa saudade de seus acordes que fazem nossa alma bailar. Por que
sumiu?
- Não tive novas propostas para tocar lá. O público
diminuiu após minha ida para lá, acredito que nem todo mundo gosta de músicas
como a de Zeca e Zaqueu, Antônio Juba e Maria das Covas...
- Infelizmente, é por
isso que o país não vai pra frente. A Cultura pregada pelos meios de
comunicação não é o resultado dos gostos das pessoas, mas é ela que determina
os gostos das pessoas.
- Pode ser, mas isso não muda em nada a minha situação.
- Mas vai mudar. Violeiro como tu não tem na região.
Zé da Viola se despedia dizendo:
- É, meu caro, se todos pensassem assim eu não estaria
com tanta dívida.
Mau Zé da Viola se ia, o puxa-saco encontrava outro:
- Como vai Du Gomes! Há quanto tempo não vou tomar um
aperitivo em seu bar? Como está o movimento?
- Estou começando a recuperar os clientes. Vários
deixaram de frequentar o bar quando inventei de chamar Zé da Viola para fazer
show ao vivo.
- Mas você é criativo, se isso não deu certo há outras
coisas que você poderá fazer. Na verdade, nunca vi pela região alguém que
tratasse a freguesia como tu.
- Talvez eu consiga reverter a situação, mas de show ao
vivo estou fora, isso já me deu prejuízo demais.
- O erro não está em fazer show ao vivo, mas em quem você
chama. Afinal de contas, quem pode aturar escutar por mais cinco minutos: Zeca
e Zaqueu, Antônio Juba e Maria das Covas...
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