Estudara
como um louco para terminar o magistério e, lecionando em uma escola
primária esforçava-se por fazer cumprir à risca a educação das
pessoas. Quando era irritado por um impertinente, não demonstrava
impaciência, tomando de um giz, deixava o quadro repleto de frases
soltas, sem conexão entre si. Embaraçava a todos os alunos que,
diante da curiosidade despertada, silenciavam-se para escutar o que
ele lhes tinha a dizer. Foi assim que, após uma atividade
extraclasse, iniciou a sua aula:
-
Vejamos, o que vem a ser um vernáculo?
-
Eu sei professor, uma cabana de inverno!
Todos
os alunos admirados com a inteligência do colega não se atreviam
rir até que o professor, sorrindo, disse:
-
Não tem nada a ver com inverno. Vernáculo é aquilo que se refere à
língua nacional. Em nosso caso, um vocábulo falado em português, é
um vernáculo.
Enquanto
falava notou que, a alguns metros, um aluno dormia tranqüilo e
gritou:
-
Zezinho venha ao quadro!
Zezinho
deu um pulo de sua cadeira em meio à balbúrdia da sala e foi ao
quadro.
-
Se você fosse presidente, o que faria para acabar com a fome do
país?
-
Simples, eu distribuiria alimentos para toda a população.
-
Mas, de onde tiraria tanta comida?
-
Compraria, ora!
-
Mas onde encontraria dinheiro para isso?
-
Professor, eu não seria o presidente, eu teria dinheiro suficiente.
-
Mas, quem plantaria o que você compraria?
-
Eu é que não, presidente não pega na enxada, sua função é
outra! Mas professor, por que me fez tantas perguntas?
Não
sei! Realmente não tem nada semelhante ao assunto sobre o qual
falávamos. Só queria prender a sua atenção pois percebi a sua
distração quando eu explicava o que é um vernáculo!
-
Ah! Era só isso! Vernáculo é tudo aquilo que relativamente se
utiliza concomitantemente de forma inexorável para combater o frio
conspícuo ao período do inverno.
Aplausos
da sala foram ouvidos à distância e o sinal do término da aula
soava.
Enquanto
todos saíram, Zezinho se aproximou da mesa de seu professor e
perguntou:
- O
que é vernáculo?
Nunca
aparentou tamanha curiosidade ao perguntar algo. O professor, tirando
um charuto, o acendia e, com um dos lados da boca, exclamava:
-
Deixa pra lá!
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